sábado, 14 de maio de 2011

Entre os 20 e os 70 uma coisa em comum: rock´n´roll

Dia 13 completei 37 anos. Desde os 13 anos eu ouço rock, basicamente. Na noite do dia 12, para comemorar, fui com meu amor assistir o segundo show em menos de dois meses de uma das maiores lendas do gênero no Brasil: “o meu amigo Erasmo Carlos”. E o show dele não pode ser descrito como menos que sensacional.

Ontem, fui dar uma volta pelo bairro e passei por um barzinho rock´n´roll ao lado de casa. Três meninas (guitarra, baixo e bateria) tocavam “Act Naturally”, um número de country-western que foi gravado pelos Beatles em “Help!” e que fazia parte do repertório dos rapazes de Liverpool desde a época dos shows em Hamburgo.

Na volta desse rolê não resisti e parei pela primeira vez no “The Red One”, o tal boteco rock´n´roll, ao lado de casa, na rua Machado de Assis. Tinha que atender o chamado.

Dos 16 aos 22 toquei rock´n´roll em duas bandas diferentes e uma coisa que sempre esteve no repertório era rockabilly e rock, covers de Beatles, Ramones, enfim, rock hormonal puro. É um tipo de som que sempre me agradou.

Tomei uma cervejinha e iniciei meu testemunho. As meninas pegaram suas guitarra, baixo e bateria e começaram a tocar músicas dos anos 50 e 60, rockabillies de Eddie Cochran, Chuck Berry, Little Richard, Carl Perkins. O mais interessante é que os arranjos se calcam nas versões que os Beatles e outros grupos de Mersey Beat deram a estes sons, semelhantes a forma como os Beatles tocavam no Cavern Club e em Hamburgo, conforme gravações presentes no Live at BBC e no primeiro volume do Anthology. O resultado é sensacional.



Pedi e fui atendido: ao final, elas tocaram “Sweet Little Sixteen”, do Chuck Berry, que eu toquei muito com o amigo Tide, com direito a “duck walk” da Marina, vocalista e guitarrista da banda cujo nome eu finalmente descobri: The Mersey Beggars ( www.myspace.com/themerseybeggars ). No próximo dia 27 de maio, sexta-feira, elas tocarão no The Red One novamente. Estarei lá. É imperdível.

E o que isso tem a ver com Erasmo? Há 50 anos atrás um galalau da Tijuca conheceu um garoto do Espírito Santo que se chamava Roberto, que tocava com um gordinho chamado Sebastião. Todos conheciam também o Jorge, que tinha uma batida diferente. E eles mudaram a música brasileira.



Na noite anterior, como dizia, Erasmo, quase 70 anos, estava cercado de três garotos também: o baixista, um dos guitarristas e o baterista de sua banda, são garotos que recém atingiram a maioridade, como as The Mersey Beggars, mas com instrumentos, amplis e roupas vintage, um deles inclusive tem uma Gianinni dos anos 60/70, imitando uma Rickenbaker.

Os meninos se chamam os Filhos da Judith ( http://www.myspace.com/filhosdajudith ) e são demais também e contribuem para o Erasmo manter a chama do rock´n´roll acesa. Como um garoto de vinte e poucos, ele leva a plateia de coroas e jovens ao delírio. O ponto de contato entre todos eles é único: o rock´n´roll. E, ao que parece, ao contrário de todos os prognósticos, nunca pode morrer, como canta Neil Young.